quinta-feira, 19 de julho de 2012

Educação Ambiental, Política, Participação e a Questão Socioambiental

BLOG DO FABIO DEBONI
http://fabiodeboni.blogs.sapo.pt/299283.html?view=37139#t37139


Educação Ambiental, Política, Participação e a Questão Socioambiental.
Quinta-feira, 19 de Julho de 2012
Entrevista com Marcos Sorrentino
Como anunciado aqui no blog, conseguimos uma breve entrevista com Marcos Sorrentino. Segue, na íntegra. Boa leitura!

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Professor da ESALQ/USP, líder da OCA – Laboratório de Educação e Política Ambiental da ESALQ e ex-diretor do Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Marcos Sorrentino é grande conhecedor do campo socioambiental. Referência na área da Educação Ambiental, teve uma passagem marcante pelo MMA, entre 2003 e 2008, quando alavancou diversos programas e iniciativas, dentre elas o Sistema Nacional de Educação Ambiental (SisNEA).
O Blog preparou algumas questões para esta entrevista, feita por e-mail, com Sorrentino.

Blog: Todos sabemos que o processo que culminou com sua saída do DEA/MMA gerou muita polêmica. Passados estes anos, qual sua avaliação sobre o que ocorreu? Se sentiu injustiçado?
Não se pode falar em injustiças no campo da política. Há correlação de forças e infelizmente aquelas mais retrógradas, que confundem campanha de redução de sacos de lixo com EA, ganharam hegemonia no DEA, amparadas por discursos pseudo-marxistas que reivindicavam outra condução para o ProNEA e para a política pública do Órgão Gestor da PNEA.
Lamento a falta de responsabilidade e dignidade daqueles que substituíram a mim e a boa parte da equipe que atuava no DEA/MMA. De responsabilidade por reivindicarem o cargo e a direção política da EA no governo federal e não terem nenhuma proposta, além do desmonte do que estava sendo realizado. De dignidade, por terem plena possibilidade de diálogo conosco, mas terem preferido tramar na calada da noite e não terem sequer aberto um canal de comunicação com quem saia, ignorando os compromissos da administração pública.
Fiquei feliz com a reação da sociedade e com o fato deles terem percebido a insustentabilidade do que buscavam e terem caído fora, abrindo espaço para a manutenção de alguns técnicos de alto nível, como Renata Maranhão e para o convite ao companheiro Nilo Diniz assumir a coordenação do DEA/MMA.
A minha maior gratificação foi no VI Fórum Brasileiro de EA, termos recebido uma aclamação pública dos participantes, reconhecendo todo o esforço da abnegada e competente equipe que esteve no DEA no período de 2003 a 2008.

Blog: Quais são seus planos profissionais atuais? O que anda aprontando?
Retomei os meus trabalhos na Universidade – ensino, pesquisa, extensão e gestão cotidiana no campo da EA. Recebi um convite, recentemente, para assessorar o ministro da educação na construção de uma política ambiental do ministério (MEC) e estou aguardando a decisão do departamento da universidade onde trabalho, se me cedem novamente para mais esse desafio. Há uma forte oposição a minha saída, tendo em vista que já estive durante cinco anos afastado para servir ao MMA.

Blog: Espera-se muito da Educação Ambiental, mas não acha que seria injusto apostar todas as fichas nela para alavancar as transformações socioambientais que o mundo requer? Como lidar com este dilema?
A EA é parte das possibilidades de mudanças que precisamos e queremos ver em nossas sociedades. Paulo Freire já disse algo importante sobre isto. Essa é uma das frentes necessárias de atuação e todos reconhecem a sua importância, mas dificilmente destina-se os recursos necessários para tal.

Blog: Com o multissetorialismo da questão ambiental, acha que a temática vem se esvaziando e perdendo radicalidade?
Sim, a questão ambiental, com todo o seu potencial de transformação social vem sendo sequestrada pelo discurso hegemônico, travestindo-a de desenvolvimento sustentável ou de economia verde. A EA e o ambientalismo, enquanto movimento social que tem um projeto de sociedade, necessita organizar-se melhor para colocar alternativas de futuro e de felicidade para uma humanidade entorpecida pelo consumismo e por promessas de bem estar material que não respondem aos questionamentos mais essenciais dessa nossa aventura pela Terra.

Blog:  Há uma crítica de que o Governo Dilma vem trabalhando para esvaziar e retroceder a política ambiental federal. Qual sua visão sobre esta questão? Qual sua avaliação sobre a política ambiental de Dilma?
Não penso que há um trabalho de governo nesse sentido, mas que há setores  absolutamente comprometidos com esse retrocesso ambiental e que há outras parcelas importantes do governo, absolutamente comprometidas com a melhoria das condições existenciais do povo brasileiro e daqueles que passam fome em todo mundo. E para tanto não medem esforços para promover o desenvolvimento das forças produtivas. Esforços que se equivocam em não dar a devida importância para a questão ambiental, comprometendo a “galinha dos ovos de ouro”. Por outro lado ainda, há políticos e gestores que reconhecem tal importância, inclusive da EA e procuram navegar nesses mares fazendo um importante papel de convencimento e de pequenas conquistas no fortalecimento da sociedade brasileira engajada  nas melhorias das condições socioambientais de nosso povo.

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